Um dos momentos..

Lembranças reprimidas, compulsoriamente esquecidas, por vezes teimam em voltar.

Vi um filme que me levou de volta no tempo – seu olhar... um olhar opaco.. lunático, posso dizer; porém misterioso, devo admitir. Um mundo de mentiras, castelos em devaneios, paredes falsas e rasas – como isso foi acontecer?

De repente me vi sem dormir, cercada de temores e incógnitas – nada fazia sentido, muitas peças não se encaixavam.. e nesse mar de dúvidas me vi tendo de retornar à superfície por um telefonema – para mim, uma saída; para você, um encontro. E foi aí, nesse exato instante.. foi esse um dos momentos em que temi pela minha vida.

"Como nossos pais.."

Sonhei comigo hoje, mas diferente de outros sonhos, sonhei que voltava no tempo, pra quando eu tinha um ou dois anos. Conheci meu jeito, minha risada, meus dentinhos que teimavam em se mostrar pro mundo, minhas primeiras palavras.. Sonhei com a casa da minha avó, com o jardim que eu fazia de labirinto, com minha mãe amorosa, sempre me vigiando.. Sonhei com a goiabeira.. o telhado.. a varanda.. o terraço.. o quintal.. o secador de roupas.. o armário de meu avô sempre cheio de surpresas da feira.. Brinquei comigo, me peguei no colo, me joguei pro alto – o que me provocava muitas risadas. “Ela ama isso” – minha mãe disse. Ao ver meu pai, me joguei em sua direção.. tem amor maior?

Que experiências eu me faria passar pra ser o que sou hoje? Tudo que eu amava e que se apagou, mas que permaneceu na memória de meus pais.. cada pequena centelha de vida que eles me proporcionaram a cada dia, cada pingo de chuva no terraço, cada esguicho de mangueira no jardim. Cada discussão, cada conversa, cada palavra.. eu não teria feito tão bem.

As brigas não opuseram, as diferenças não foram inigualáveis, vocês são uma grande equipe. Um trabalho duro, mesmo em meio a discordâncias.. deu no que deu – sou o que sou, tudo graças a vocês, pilares maiores da minha vida.

Obrigada por serem, por fazerem, por existirem. Amo-os muito, demais..