segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dá pra se fugir da verdade?

Estou no metrô. Um amigo passa na minha frente e senta próximo a mim. Não me vê. Estou invisível e transtornada. Olho para frente. Vejo uma menina que costuma perguntar muito nas minhas aulas. Ela me olha com seus olhos grandes, transbordantes de ansiedade e compaixão. Assim que a vejo, sento próximo a ela e falo das fotos que me abalaram. Ela me confessa: “Era isso que ia te falar. Acabei de saber. É verdade mesmo.” Meu peito dói. Explosão interna traduzida em lágrimas contidas.
Estou numa aula, de anatomia. O professor é igual a um de física que tive. Enquanto disseca um corpo, olha para mim e diz: “Dói, né? A mágoa não se cura, mas a raiva passa.... A raiva passa, mas te envelhece.” Tenho que sair daqui!
Saio correndo do metrô pela porta da sala.
Como ele sabia? Ela me cochichou! Meu semblante transpareceu, na certa. Subitamente, devo ter me tornado um cadáver que ele disseca com seu olhar insano e profundo. Como se me conhecesse há muito tempo...
Não sinto raiva ainda. A mágoa e a dor me consomem. Tenho que sair daqui!
Dá pra se fugir da verdade?

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